sábado, 25 de julho de 2009
Interpretações modernas
A mitologia comparativa é a comparação dos mitos de diferentes culturas que possui a intenção de identificar os temas e as características compartilhadas. A mitologia comparativa tem servido de uma variedade de fins acadêmicos. Por exemplo: os estudiosos têm utilizado as relações entre os diversos mitos para rastrear a evolução das religiões e das culturas, para propor origens comuns de diferentes culturas, e para apoiar várias teorias psicológicas. Falando em psicologia, as modernas interpretações do mito grego abriu espaço para uma abrangente compreensão psicológica acerca deles. Alguns estudiosos propõem que mitos de diferentes culturas revelam a mesma, ou semelhante, força psicológica no trabalho dessas culturas. Assim, alguns pensadores freudianos têm identificado histórias semelhantes à história grega de Édipo em culturas diferentes. Eles argumentam que estas histórias refletem as diferentes expressões do Complexo de Édipo nessas culturas. De mesmo modo, pensadores junguianos têm identificado imagens, temas e padrões que aparecem, do mesmo modo, nos mitos de muitas culturas diferentes. Eles acreditam que essas semelhanças são resultados de arquétipos presentes no inconsciente coletivo dos níveis mentais de cada pessoa.
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Declínio
Os estudiosos acreditam que os gregos, ao inventarem o calendário, conseguiram calcular o tempo como forma de prever e entender os estados térmicos e também o Sol, a chuva e outros fatores climáticos (vistos, anteriormente, como feitos divinos e incompreensíveis) e, assim, proporcionaram uma grande mudança na crença dos mitos. De forma semelhante, a invenção da moeda como forma de trocas abstratas e a escrita alfabética como forma de materialização de textos outrora propagados somente pela oratória, (além da invenção da política para a exposição das opiniões sociais) foram marcos da sociedade grega que, com o início dessa vida urbana e um tanto mais moderna, começou a tecer bases para o artesanato, o comércio e outras criações que começaram a desprezar os mitos.
Com essas mudanças, o homem se viu em uma necessidade de entendê-las e de desenvolvê-las, no que se criou a filosofia para suprir essa incompreensão. Os filósofos e estudiosos crêem, portanto, que as habilidades poderosas de mudança saíram das mãos dos deuses imaginários e foram assumidas pelos homens antigos (e se estendem até nossos dias atuais, onde, por exemplo, acreditamos que uma administração política adequada — realizada e levada em frente pelos homens e não pelos deuses — pode resultar numa influência positiva nas sociedades, assim como uma administração inadequada resulta em influências negativas).
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Tendências sincronatórias
A coleção de Hinos Órficos e da Saturnália de Macróbio, conservadas desde o século II, também estão influídas pelas teorias racionalistas e pelas tendências sincronatórias. Os hinos órficos são um conjunto de composições poéticas pré-clássicas, atribuídas à Orfeu. Na realidade, estes poemas foram provavelmente compostos por vários poetas, e contém um rico conjunto de pistas sobre a mitologia pré-históricas da Europa. O objetivo da Saturnália é a de transmitir a cultura helênica que havia obtido de suas leituras, apesar de seu tratamento dos deuses ser contaminado pela mitologia e pela teologia egípcia e norte-africana (que também acabam afetando a interpretação de Virgílio). Na Saturnália, reaparecem os comentários mitográficos influídos pelos evemeristas, estoicos e pelos neoplatônicos.
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Racionalismo helenístico e romano
O racionalismo hermenêutico (relativo à Hermes) acerca do mito tornou-se ainda mais popular sob o Império Romano, graças às teorias fisicalistas do estoicismo e graças à filosofia espicurista. Os estoicos apresentavam explicações dos deuses e dos heróis como fenômenos físicos, enquanto que os evêmeristas compreendiam-os como figuras históricas. Contudo, os estoicos — assim como os neoplatonistas — promoviam os significados morais da tradição mitológica, frequentemente basendo-se nas etimologias gregas. Mediante sua mensagem epicuriana, Lucrécio buscava expulsar os temores supersticiosos das mentes de seus vizinhos e cidadãos. Lívio, igualmente, é cético acerca da tradição mitológica e clama que não tinha como intenção ajuizar tais lendas. O desafio dos romanos com um forte sentido apologético da tradição religiosa era defender essa tradição enquanto concediam que isto era frequentemente um terreno fértil para a superstição. O antiquário Varrão — que considerava a religião uma instituição romana de grande importância para a preservação do bem social — dedicou rigorosos anos de sua vida a estudar as origens dos cultos religiosos. Em sua Antiquitates Rerum Divinarum (que não sobreviveu aos nossos dias, embora De Civitate Dei, de Agostinho, conserva seu foco geral), Varrão argumenta que, enquanto o homem supersticioso teme os deuses, a autêntica persona religiosa os venera como parentes de uma mesma família.
Em sua obra, existiam três tipos de deuses:
* Os deuses da natureza: personificações de fenômenos como a chuva e o fogo;
* Os deuses dos poetas: inventados pelos bardos sem escrúpulos para incitar as paixões;
* Os deuses da cidade: inventados pelos sábios legisladores para iluminar e acalmar a população.
Cotta, um acadêmico romano, ridicularizou tanto a acepção literal dos mitos como a alegórica, declarando rotundamente que ambas não teriam lugar na filosofia. Cícero, por sua vez, desprezava os mitos, mas, como Varrão, era enfático em seu apoio para a religião e suas consecutivas instituições estatais. É difícil saber quão baixo se estendia esse racionalismo na escala social. Cícero afirma que ninguém (nem mesmo velhos, mulheres ou crianças, ou qualquer outro tipo de coisa) é tolo a ponto de crer nos terrores de Hades ou na existência de Cila, de centauros e de outras criaturas compósitas, todavia o orador queixa-se constantemente do caráter supersticioso e crédulo das pessoas. De natura deorum é o resumo mais exaustivo dessa linha de pensamento fixada por Cícero.
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Filosofia e mito
Certos filósofos radicais, como Xenófanes, começaram no século VI a. C. a rotular os textos dos poetas como blasfêmias: Xenófones queixava-se de que Homero e Hesíodo atribuiam aos deuses "tudo o que é vergonhoso e escandaloso entre os homens, pois os deuses roubam, matam, cometem adultério, e enganam uns aos outros". Essa linha de pensamento encontrou sua expressão mais dramática em A República (acerca da justiça, do universo e dos diversos tipos de governo) e em Leis (que trata da lei divina e natural, da educação e da relação entre filosofia, política e religião) de Platão. Platão criou os seus próprios mitos alegóricos (como o de Er em A República), atacando os contos tradicionais dos trucos, e tratando os furtos e os adultérios como imorais, opondo-se ao papel central que vinham tomando na literatura grega. A crítica de Platão - que rotulava os mitos de "palavrões antigos" - foi o primeiro exercício e desafio sério à tradição mitológica homérica. Aristóteles, por sua vez, criticou o enfoque filosófico pré-socrático quase-mitológico e destacou que "Hesíodo e os escritores telógicos estavam preocupados unicamente com o que lhes parecia plausível e não tinham respeito pelos outros [...] Mas não merece a pena tomar a sério os escritores que alardeiam o estilo mitológico; aqueles que procedem a demonstrar suas afirmações devem ser re-examinados".
As explicações filosóficas, que pretendiam revisar as mitológicas, criaram consequências para seus autores: Anaxágoras, por exemplo, partiu para um auto-exílio fora de Atenas, por duvidar que a lua fosse uma deusa (explicação mitológica) e afirmar que, pelo contrário, vislumbrava em sua terra mares e montanhas. Aristóteles, que não aceitava a explicação de que o titã Atlas carregava a terra e o céu nas costas (afirmação que rotulou de "ignorância e superstição do povo grego"), exilou-se por temer que terminasse como Sócrates, que obteve acusação de impiedade e morreu. Sócrates foi condenado com 71 anos, acusado, entre outras coisas, de ateísmo e de corromper os jovens com seus ensinamentos. Meleto, um dos acusadores, havia argumentado que "[...]Sócrates é culpado do crime de não reconhecer os deuses reconhecidos pelo Estado e de introduzir divindades novas; ele é ainda culpado de corromper a juventude. Castigo pedido: a morte". Sócrates, após ficar preso a ferros durante 30 dias, morreu num método de veneno da prisão da época.
Essas perseguições se estenderam épocas depois, atingindo seu auge na Idade média (onde o cristianismo substituiu a filosofia) e declinando durante o Renascimento e principalmente no Iluminismo (onde a filosofia grega começava a ser retomada e revisada). Todavia, Platão não cuidou de separar si mesmo e sua sociedade da influência dos mitos: sua própria caracterização de Sócrates é baseada nos patronos tradicionais trágicos e homéricos, usados pelo filósofo para louvar o curso de vida do seu mestre. Em Apologia de Sócrates, Platão prescreve o discurso dado supostamente por Sócrates em seu julgamento:
“ Mas talvez pudesse alguém dizer: "Não te envergonhas, Sócrates, de te aplicardes a tais ocupações, pelas quais agora está arriscado a morrer?" A isso, porei justo raciocínio, e é o seguinte: "não estás falando bem, meu caro, se acreditas que um homem, de qualquer utilidade, por menor que seja, deve fazer caso dos riscos de viver ou morrer, e , ao contrário, só deve considerar uma coisa: quando fizer o que quer que seja, deve considerar se faz coisa justa ou injusta, se está agindo como homem virtuoso ou desonesto. Porquanto, segundo a tua opinião, seriam desprezíveis todos aqueles semi-deuses que morreram em Tróia. E, com eles, o filho de Tétis, o qual, para não sobreviver à vergonha, desprezou de tal modo o perigo que, desejoso de matar Heitor, não deu ouvido à predição de sua mãe, que era uma deusa, e a qual lhe deve ter dito mais ou menos isto:
Filho, se vingares a morte de teu amigo Pátroclo e matares Heitor,
tu mesmo morrerás, porque, imediatamente depois de Heitor, o teu destino estará terminado" (Hom. Il. 18.96) [...]
Hanson e Heath estimam que a rejeição de Platão acerca da tradição homérica não obteve boa recepção pela base da civilização grega. Nesta etapa, os mitos mais antigos se mantiveram em cultos locais e seguiram influenciando a poesia e constituindo o tema principal da pintura e da escultura na Grécia antiga.
Complementamente, o dramaturgo do século V a.C. Eurípedes elaborava intertextualidade com as antigas tradições, embora ele tenha aplicado nos diálogos de suas personagens notas de dúvidas sobre a veracidade dessas histórias, mas o foco dessas peças era completamente voltada aos mitos. Curiosamente, muitas dessas obras de Eurípedes tinham como função responder à versões de um predecessor que havia inserido formas diferentes de um mesmo mito (assim, Eurípedes dava nova roupagem à lendas antigas). O dramaturgo impugna principalmente os mitos sobre os deuses e inicia sua crítica com um objetivo similiar ao previamente expresso por Xenócrates: "os deuses, como se representavam tradicionalmente, são demasiado antropomórficos".
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Concepções greco-romanas
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Guerra de Tróia e consequências
O Ciclo da Guerra de Tróia, uma coleção de poemas épicos, começa com os sucessos que levaram a guerra: Éris e a maçã de ouro, o julgamento de Páris, o rapto de Helena, e o sacríficio de Ifigénia em Aulis. Para resgatar Helena, os gregos organizaram uma grande expedição abaixo do mando do irmão de Menelau, Agamemnon, rei de Argos ou de Micenas, mas os troianos não quiseram libertá-la. A Ilíada, que se desenrola no décimo ano da guerra, narra em uma de suas páginas o combate entre Agamemnon com Aquiles, que era até então o melhor guerreiro da Grécia, e também narra as consequências da morte de Pátroclo (amigo de Aquiles) e de Heitor, filho mais velho de Príamo. Antes da morte, se uniram aos troianos dois exóticos aliados: Pentesileia e Memnon.
Aquiles matou ambos, até Páris atingir seu calcanhar mortalmente com uma flecha (daí a expressão Calcanhar de Aquiles; para mais informações, veja o artigo do guerreiro). Antes de tomar Tróia, os gregos tiveram que roubar da cidadela a imagem de madeira de Palas Atenas. Finalmente, com a ajuda de Atenas, eles construíram o Cavalo de Tróia. Apesar das advertências de Cassandra (filha de Príamo), os gregos foram convencidos por Sinon — grego que, fingindo sua argumentação, conseguiu levar o gigantesco cavalo para dentro das muralhas de Atenas. O sacerdote Laocoonte tentou destruir o cavalo, mas acabou sendo impedido por serpentes marinhas que, com suas forças, o mataram. Ao anoitecer, a frota grega regressou e os guerreiros do cavalo abriram as portas da cidade.
O Ciclo Troiano proporcionou uma variedade de temas e se converteu em fonte principal de inspiração para os antigos artistas gregos (por exemplo, as métopas de Partenon representando o saqueio de Tróia). Essa preferência artística pelos temas procedentes do ciclo troiano nos indica sua importância para a antiga civilização grega. O mesmo ciclo mitológico, posteriormente, também inspirou uma série de obras literárias da Europa. Os escritores europeus medievais troianos, desconhecedores da obra de Homero, encontraram na lenda de Tróia uma rica fonte de histórias heróicas e românticas e um marco que encorajou seus próprios ideais cortesãos e cavalarescos. Alguns autores do século XII, como Benoît de Sainte-Maure (em seu Poema de Tróia) e José Iscano (em seu De bello troiano), descrevem a guerra simplesmente reescrevendo a versão padrão que encontraram em Dictis e Dares, seguindo o conselho de Horácio e o exemplo de Virgílio: reescrever um poema de Tróia com veracidade, em lugar de contar algo completamente novo.
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Casa de Atreu e Ciclo Tebano
O Ciclo Tebano trata dos sucessos associados especialmente à Cadmo, o fundador da cidade de Tebas, e, posteriormente, com os feitos de Laio e Édipo na mesma região; uma série de histórias que levaram ao saqueio final da cidade a mando dos Epigonis e d'Os Sete Contra Tebas (não se sabe se estes figuraram no épico original). Acerca de Édipo, os antigos relatos épicos têm seguido um padrão diferente (no qual ele continuou governando Tebas depois da revelação de que Jocasta era sua mãe e também posteriormente ao seu casamento com uma mulher que se converteu em mãe de seus filhos) do que conhecemos graças às tragédias — especialmente a mais famosa do assunto, Édipo Rei, de Sófocles — e aos relatos mitológicos posteriores a este texto antigo.
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Argonautas
Essa geração de heróis também inclui: o mito de Teseu, que partiu à Creta para enfrentar o Minotauro; Atalanta, a heroína feminina; e Meleagro, que por sua vez tinha um ciclo épico que rivalizava com a Ilíada e a Odisséia. Píndaro, Apolônio e Apolodoro se esforçaram em dar listas detalhadas sobre os Argonautas.
Embora Apolônio tenha escrito seu poema no século III a.C, a composição da história dos argonautas é anterior à Odisséia, que demonstra familiaridades com os enredos de Jasão. Em épocas antigas, a expedição mítica era considerada como um fato histórico, um incidente na abertura do Mar Negro ao comércio e à colonização grega. Também tornou-se muito popular, cuja função vai desde a criação de novas lendas locais à inspiração de diversas tragédias gregas.
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Hércules e os Heráclidas
Na literatura, Eurípedes produziu a peça trágica Hércules (ou Hércules Enlouquecido, Hércules Furioso), onde explora o mito do herói, revelando a conturbada existência da figura em questão, que está prestes a cometer suícidio, mas que é encorajado a viver pelo amigo e rei de Atenas, Teseu. Na peça As Traquinianas, Hércules aparece aqui através da escrita de Sófocles. Esses dois textos da Grécia antiga, resguardados até os dias atuais, nos conferiram detalhes preciosos acerca dos mitos sobre o herói mais popular e interessante da mitologia grega.
Hércules atingiu o mais alto prestígio social através de sua nomeação como ancestro oficial dos reis dóricos. Isto serviu provavelmente como legitimação para as invasões dóricas no Peloponeso. Um exemplo disto é o herói mitológico Hilo, epônimo de uma tribo dórica, que se converteu em Heráclida (nome que recebiam os numerosos descendentes de Hércules, especialmente os descendentes de Hilo — outros Heráclidas existentes são Macária, Lamos, Manto, Tlepólemo e Télefo). Estes Heráclidas conquistaram os reinos peloponesos de Micenas, Esparta e Argos, alegando, segundo o mito, o direito de governá-los devido sua ascendência. A ascensão dos Heráclidas é muitas vezes denominada "Invasão Dórica" (ver artigo). Um fato interessante é que os reis lídios e, posteriormente, os reis macedôniso — como governantes de um mesmo reino — também passaram a ser Heráclidas.
Embora Hércules tenha morrido, como é destino de todo mortal, por conta de seu lado humano (derivado da mãe Alcmena), alguns gregos — especialmente Píndaro, que o chamava de "herói-deus" — acreditavam que, por conta de seu lado divino (advindo da descendência de Zeus), ele subiu ao Olimpo e tornou-se um deus. A figura lendária deste herói, portanto, permeou durante algum tempo uma simbologia voltada à terra, aos heróis, ao homem mortal, mas também atencionada ao céu, aos deuses, ao divino, ao perfeito, ao que é ideal. Essa figura mista que Hércules apresenta, em que o lado mortal e o lado divino se confundem, era muito reforçada em diversos cultos e sacrifícios realizados provavelmente em Creta, onde os gregos ofereciam-lhe sacrifícios primeiramente como herói e, somente depois, como um ser divino.
Além das façanhas heróicas de Hércules, outros membros dessa primeira geração de heróis, como Perseu, Teseu, Deucalião e Belerofonte, realizaram feitos muito semelhantes à ele, sempre realizando-os solitariamente, sem nenhuma outra ajuda, o que aconteceu quando enfrentaram monstros como Quimera e Medusa em mitos que beiram à contos de fadas (esses combates solitários só apresentam ainda mais a capacidade sobrehumana dessas personagens). Enviar um herói a uma morte presumida é um tema frequente nesta primeira tradição heróica, como acontece nas lendas de Perseu e de Belerofonte.
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Era heróica
Após a ascensão do culto heróico, os deuses e os heróis constituíram a esfera sagrada e são invocados juntos nos juramentos e nas orações que são dirigidas a eles. Em contraste com a era dos deuses, durante a heróica a lista de heróis nunca é fixa e definitiva; já não nascem grandes deuses, mas sempre podem surgir novos heróis do exército dos mortos. Outra importante diferença entre o culto dos deuses e o dos heróis é que o segundo dos dois se torna o centro da identidade do grupo local.
Os eventos monumentais de Hércules são considerados o começo da era dos heróis. Também se anexam a eles três grandes sucessos militares: a expedição argonáutica e a Guerra de Tróia, como também a Guerra de Tebas.
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Era dos deuses e dos mortais
* Os contos de amor muitas vezes envolvem incesto, sedução ou violação de uma mulher mortal por parte de um deus, resultando em uma descendência histórica. Essas histórias sugerem geralmente que as relações entre deuses e mortais precisam ser evitadas, sendo que raramente esses envolvimentos possuem finais felizes. Em poucos casos, uma divindade feminina procura um homem mortal e vive com ele, como no Hino Homérico à Afrodite, onde a deusa convive com o príncipe Anchises e acaba concebendo o chefe troiano Enéias.
* Os contos de castigo envolvem a apropriação ou invenção de algum artefato cultural importante, como quando Prometeu roubou o fogo dos deuses e quando ele ou Licaão inventou o sacríficio, quando Tântalo roubou o néctar e a ambrósia da mesa de Zeus e de seus súditos, revelando-lhes o segredo dos deuses, ou quando Deméter ensinou agricultura e os Mistérios de Elêusis a Triptolemos, ou quando Mársias inventou os aulos e, com ela, ingressou num concurso musical ao lado de Apolo. As aventuras de Prometeu marcam um ponto entre a história dos deuses e a dos homens. Um fragmento de papiro anônimado, datado do século III a.C., retrata vividamente o castido que Dionísio aplicou à Lucurgo, rei de Trácia, cujo reconhecimento de novos deuses chegou demasiado tarde, ocasionando horrivéis penalidades que se estenderam por toda vida. A história da chegada de Dionísio para estabelecer seu culto em Trácia foi também o tema de uma trilogia de peças dramáticas do poeta antigo Ésquilo: como em As Bacantes, onde o rei de Tébas, Penteu, é castigo por Dionísio por ter sido desrespeitoso com as Ménades, suas adoradoras.
Ainda no assunto de relação entre deuses e mortais, há um conto antigo baseado em um tema folclórico, onde Deméter está procurando por sua filha Perséfone, depois de ter tomado a forma de uma anciã chamada Doso e recebido hospitalidade de Celéu, o rei de Elêusis em Ática. Por causa de sua hospitalidade, Deméter planejou fazer imortal seu filho Demofonte, como um ato de agradecimento, mas não pôde completar o ritual porque a mãe de Demofonte, Metanira, entrou e viu seu filho rodeado de fogo, visão essa que lhe provocou, instantâneamente, um grito agudo, que enfureceu Deméter, cuja lamentação veio depois, ao refletir o fato de que os "estúpidos mortais não entendem práticas divinas".
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Deuses gregos
Para honrar o antigo panteão grego, compôs-se os famosos hinos homéricos (conjunto de 33 canções). Alguns estudiosos, como Gregory Nagy, consideram que os hinos homéricos são simples prelúdios, se comparado com a Teogonia, onde cada hino invoca um deus. No entanto, os deuses gregos, embora poderosos e dignos de homenagens como as presentes nestes hinos, eram essencialmente humanos (praticavam violência, possuíam ciúme, coléra, ódio e inveja, tinham grandezas e fraquezas humanas), embora fossem donos de corpos físicos ideais. De acordo com o estudioso Walter Burkert, a definição para essa característica do antropomorfismo grego é que "os deuses da Grécia são pessoas, e não abstrações, idéias ou conceitos". Independentemente de suas formas humanas, os deuses gregos tinham muitas habilidades fantásticas, sendo as mais importantes: ter a condição de ser imúne a doenças, feridas e ao tempo; ter a capacidade de se tornar invisível; viajar longas distâncias instantaneamente e falar através de seres humanos sem estes saberem. Os gregos consideravam a imortalidade — que era assegurada pela alimentação constante de ambrosia e pela ingestão de néctar — como a característica distintiva dos deuses.
Cada deus descende de uma genealogia própria, prossegue interesses próprios, tem uma certa área de especialização, e é regido por uma personalidade singular; no entanto, essas descrições surgem a partir de uma infinidade de locais arcaicos variantes, que não coincidem sempre com elas. Quando esses deuses eram aludidos na poesia, na oração ou em cultos, essas práticas eram realizadas mediante uma combinação de seus nomes e epitetos, que os identificavam por essas distinções do resto de suas próprias manifestações (e.x. Apolo Musageta era "Apolo, chefe das Musas").
A maioria dos deuses foram associados a aspectos específicos de suas vidas: Afrodite, por exemplo, era deusa do amor e da beleza, Ares era deus da guerra, Hades o deus da morte, e Atena a deusa da sabedoria e da coragem. Certos deuses, como Apolo e Dionísio, apresentam personalidades complexas e mais de uma função, enquanto outros, como Héstia e Hélios, revelam pequenas personificações. Os templos gregos mais impressionantes tendiam a estar dedicados a um número limitado de deuses, que foram o centro de grandes cultos panhelênicos. De maneira interessante, muitas regiões dedicavam seus cultos a deuses menos conhecidos e muitas cidades também honravam os deuses mais conhecidos com ritos locais característicos e lhes associavam mitos desconhecidos em outros lugares. Durante a era heróica — que veremos na próxima sub-seção — o culto dos heróis (ou semi-deuses) complementou a dos deuses e ambas as criaturas se fundiram no imaginário da Grécia.
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Cosmogonia e cosmologia
O pensamento antigo grego considerava a teogonia–que engloba a cosmogonia e a cosmologia, temas desssa subseção–como o protótipo do gênero poético e lhe atribuía poderes quase mágicos. Por exemplo: Orfeu, o poeta e músico da mitologia grega, proclamava e cantava as teogonias com o intuito de acalmar ondas e tormentas–como consta no poema épico Os Argonautas, de Apolónio de Rodes–e também para acalmar os corações frios dos deuses do mundo inferior, quando descia à Hades. A importância da teogonia encontra-se também no Hino Homérico à Hermes, quando Hermes inventa a lira e a primeira coisa que faz com o instrumento em mãos é cantar o nascimento dos deuses.
Contudo, a Teogonia não é somente o único e mais completo tratado da mitologia grega que se conservou até nossos dias, mas também o relato mais completo no que diz respeito a função arcaica dos poetas, com sua larga invocação premilinar das Musas. Foi também tema de muitos poemas perdidos, incluindo os atribuídos à Orfeu, Museu, Epimênides, Ábaris e outros profetas legendários, cujos versos costumavam ser usados em rituais privados de purificação e em religião de mistérios. Inclusive, há indícios de que Platão se familirizou com alguma versão da teogonia órfica. Poucos fragmentos dessas obras sobreviveram em citações de filósofos neoplatonistas e em fragmentos recentemente desenterrados, escritos em papiro. Um desses documentos, o papiro de Derveni, demonstra atualmente que pelo menos no século V a. C. existiu um poema teogônico-cosmogônico de Orfeu. Este poema tentou superar a Teogonia de Hesíodo e a genealogia dos deuses se ampliou com o surgimento de Nix (a Noite), marcando um começo definitivo que havia surgido antes dos seres Urano, Cronos e Zeus.
História
Após a metade do período arcaico, que possuía mitos sobre as relações entre homens e deuses masculinos, os heróis tornaram-se cada vez mais aclamados, indicando o desenvolvimento paralelo da pederastia pedagógica, que pensa-se ter sido introduzido por volta de 630 a.C. Nos finais do século V a.C, os poetas haviam atribuído pelo menos um eromenos à todos os deuses importantes, exceto Ares e outras figuras lendárias. Outros mitos anteriormente existentes, como o de Aquiles e o de Pátroclo, foram reinterpretadas como mitologia homossexual.
O sentido da poesia épica foi criar ciclos históricos, e resultar num desenvolvimento de um senso da cronologia mitológica; assim, a mitologia grega desdobra-se como uma etapa no desenvolvimento do mundo e do homem. As auto-contradições nas histórias fazem com que seja impossível montar um cronograma absoluto a respeito da Mitologia grega, mas podemos elaborar uma cronologia concordável. A história mitológica do mundo pode ser dividida em 3 ou 4 grandes períodos:
1. Mito da origem ou da era dos deuses: é a teogonia, o nascimento dos deuses, os mitos sobre a origem do planeta, dos deuses e da raça humana.
2. Era em que os homens e os deuses se mesclam livremente: histórias das primeiras interações entre deuses, semi-deuses e mortais juntos.
3. Era dos heróis (era heróica), onde a atividade divina ficou mais limitada. As últimas e maiores lendas heróicas são da Guerra de Tróia e suas consequências (consideradas por alguns investigadores como um quarto período separado).
Embora a Era dos deuses tem sido freqüentemente alvo de interesse pelos alunos contemporâneos da mitologia grega, os autores arcaicos e clássicos possuíam uma clara preferência pela Era dos heróis. As heróicas Ilíada e Odisséia, por exemplo, estavam e ainda se encontram atualmente sobre maior destaque que a Teogonia e que os hinos homéricos – e prevaleceram em popularidade e continuidade. Sob a influência de Homero, o culto heróico conduziu uma reestruturação na vida espiritual, expresso na separação entre o reino dos deuses do reino dos mortos (heróis), e dos deuses olímpicos dos ctónicos. No O Trabalho e Os Dias, Hesíodo monta um esquema de quatro Era dos homens (ou Raças): de Ouro, de Prata, de Bronze e de Ferro. Estas raças ou eras são criações separadas dos mitos dos deuses, correspondendo à Era Dourada ao reino de Cronos e sendo as seguintes raças criações de Zeus. Hesíodo intercalou a Era (ou Raça) dos heróis pouco depois da Idade do Bronze. A ultima idade foi a Idade do Ferro. Em Metamorfoses, Ovídio segue o conceito de Hesíodo e apresenta essas quatro idades.
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Fontes arqueológicas
Schliemann começou seu trabalho em 1870, com o intuito de averiguar se as histórias que ouvia de seu pai quando criança, a respeito dos épicos homéricos, eram verdadeiras; numa madrugada, juntamente com sua esposa, conseguiu encontrar dois diademas de ouro, 4.066 plaquetas, 16 estatuetas, 24 colares de ouro, anéis, agulhas, pérolas (total de 8.700 artefatos) e pesquisas posteriores deixaram certezas que a mítica cidade de Tróia existiu no local há milênios.
Existem desenhos geométricos em cerâmica datados do século VIII a.C. que retratam o Ciclo de Tróia, como também as aventuras de Hércules. Por dois motivos, essas representações visuais dos mitos possuem enorme importância: em primeiro lugar, muitos mitos gregos foram comprovados em desenhos de vasos antes do que na literatura escrita–das doze elaborações sobre Hércules, por exemplo, somente a aventura de Cérbero é apresentada pela primeira vez em um texto literário, em segundo lugar, as fontes visuais muitas vezes fornecem cenas míticas que não são apresentadas em quaisquer fontes literárias existentes. Em alguns casos, a primeira representação conhecida de um mito na arte geométrica antecede, em questão de muitos anos e séculos, a sua primeira aparição conhecida na poesia arcaica. Nos períodos Arcaico (750–c. 500 a.C), Clássico ( 480–323 a.C), e Helenístico, Homero e várias outras personalidades surgem para completar as evidências literárias da existência da mitologia grega.
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Fontes literárias
Os historiadores Heródoto e Diodoro Sículo, e os geógrafos Pausânias e Estrabão, que viajaram ao redor do mundo grego e anotaram as histórias que ouviram, forneceram numerosos mitos locais, apresentando diversas vezes versões alternativas pouco conhecidas dos mitos. Heródoto, especialmente, procurou as várias tradições apresentando e encontrando as raízes históricas ou mitológicas no conflito entre a Grécia e o Oriente.
A poesia das eras Helenística e Romana, que embora tenha sido composta mais como literatura do que um exercício de culto aos mitos, contém muitos detalhes importantes que de outra forma seriam perdidos. Essa categoria inclui:
1. Os poetas romanos Ovídio, Sêneca e Virgílio.
2. Os poetas gregos da Antiguidade tardia: Antonino Liberal e Quinto de Esmirna.
3. Os poetas gregos do Período Helenístico: Apolónio de Rodes, Calímaco, Eratóstenes e Partênio.
4. Antigos romances de gregos e romanos, como Apuleio, Petrônio e Heliodoro.
Em contrapartida com o gênero lírico, a Fabulae e a Astronomica do escritor romano Higino são duas composições não-poéticas importantes sobre o mito. As obras Imagens e Descrições, de Filóstrato e Calístrato (respectivamente), são dois trabalhos literários úteis para o estudo dos mitos gregos. Finalmente, o apologético cristão Arnóbio, citando práticas religiosas para desacreditá-las, e vários outros escritores bizantinos proporcionam detalhes importantes dos mitos, alguns deles procedentes de obras gregas perdidas durante os anos. Entre estes, inclui-se os léxicos de Hesíquio, a Suda, e os tratados de João Tzetzes e de Eustácio. O ponto de vista moralizador cristão a respeito dos mitos gregos se resume no dito ἐν παντὶ μύθῳ καὶ τὸ Δαιδάλου μύσος (en panti muthōi kai to Daidalou musos, "em todo mito está a profanação de Dédalo"), sobre o que disse a Suda que alude o papel de Dédalo ao satisfazer a "luxúria antinatural" de Pasífae pelo trono de Posídon: "Desde que a origem e a culpa desses males se atribuíram a Dédalo e foi odiado por eles, se converteu no objeto do provérbio."
fonte: http://pt.wikipedia.org
Fontes
http://pt.wikipedia.org
Classificação
1. Raças, divindades, criaturas; personagens em geral, que abrange os Ventos, Centauros, Ctónicos, Ciclopes, Dragões, Erínias, Gigantes, Górgonas, Hecatônquiros, Harpia, Musas, Moiras, Mortais, Ninfas, Deuses olímpicos, Deuses primordiais, Sátiros e Titãs.
1 a. Aqui também são incluídos os heróis Héracles, Aquiles, Odisseu, Jasão, Argonautas, Perseu, Édipo, Teseu e Triptolemos.
2. Lugares, que abrange os ambientes em que essas figuras, na imaginação dos gregos, viveram suas aventuras, que são Delfos, Delos, Olímpia, Hades (reino), Atlântida, Olimpo, Tróia, e Temiscira.
3. Literatura mitológica clássica, inclui o estudo da literatura antiga grega, que contou com nomes como Homero, que incluía em sua narrativa a crença de deuses.
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Mito e religião
Além da religião ter sido praticada através de festivais, nela se acreditava que os deuses interferiam diretamente nos assuntos humanos e que era necessário acalmá-los por meio de sacrifícios. Os gregos, frequentemente, encontravam desígnios dos deuses em muitas características da natureza. Os advinhos, por exemplo, acreditavam haver mensagens divinas contidas no vôo das aves e nos sonhos. Nas cidades, os oráculos — locais sagrados — eram usados por um sacerdote que, tomado por êxtase ou loucura divina, servia de intermédio entre o diálogo de um fiel e seu deus de adoração. Portanto, é possível concluir que a mitologia dos gregos antigos é o conjunto das histórias fabulosas dos heróis e dos deuses (constituindo toda uma literatura da Grécia), enquanto que a sua religião é, basicamente, os culto e rituais que a constituem, sob a finalidade de estabelecer vínculos com as divindades da mitologia.
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Mito e sociedade
A mitologia grega era assunto principal nas aprendizagens das crianças da Grécia Antiga, como meio de orientá-las no entendimento de fenômenos naturais e em outros acontecimentos que ocorriam sem o intermédio dos humanos. Os gregos antigos não contavam com meios modernos de calcular o tempo, de modo que seus poetas usavam a imaginação para atribuir a causa dos fenômenos a seu redor, e foi justamente quando inventaram o calendário e começaram a entender estados térmicos e o sol e a chuva que os mitos declinaram. Os poetas atribuíam esses estados térmicos, como também as relações e as características humanas, aos deuses e a outras histórias lendárias, e elas serviram durante um bom tempo como cultos ritualísticos na sociedade da Grécia antiga. Além das crianças serem educadas através dos mitos, as famílias aristocráticas da Grécia, assim como os reis, e outras categorias profissionais, como os médicos, possuíam a tradição de se ligarem genealogicamente a antepassados míticos, geralmente divinos, ou até mesmo heróicos. Os comerciantes, também, cultuavam deuses, como Hermes, numa tentativa de deixá-lo satisfeito, e assim conseguir bons resultados em suas vendas. Além de serem habituados aos sacrifícios de animais e às orações, os gregos antigos adotavam um deus particular ou um grupo deles para sua cidade, e os cidadãos construíam templos e o(s) venerava(m). Essas cidades não possuíam qualquer organização religiosa oficial, mas honravam os deuses em lugares determinados, como Apolo exclusivamente em Delfos.
Para o povo grego, a sabedoria plena e completa pertencia aos deuses, mas os homens poderiam desejá-la e amá-la, tornando-se filósofos (philo= amizade, amor fraterno, respeito; sophia= sabedoria).
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Termo e compreensão
Embora seja essa a convenção, os mitos gregos possuem uma abrangência muito grande e complexa em seu significado. Costumam ser compreendidas como narrativas falsas ou fantasiosas, mas também arquétipos presentes no inconsciente coletivo, como prefere Jung, embora também sejam vistos como histórias que servem como guia de comportamento, para Malinowski, ou, finalmente, narrativas sagradas, onde existe o culto dos seres; todavia existe também a interpretação, segundo Lévi-Strauss, de ser narrativas voltadas à linguagem, à expressão, ou mesmo à conceitos e categorias.
Para mais informações, dirija-se até as sub-seções: Concepções greco-romanas e Interpretações modernas. É importante ressaltar que, nesse artigo, as palavras "mitologia" e "mito" são usadas para as narrativas tradicionais e sagradas das culturas clássicas, sem qualquer implicação de que esta ou aquela seja verdadeira ou falsa.
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Mitologia grega - definição
Mitologia grega é o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas aos mitos dos gregos antigos, de seus significados e da relação entre eles e os países ou povos — consideradas, com o advindo do Cristianismo, como meras ficções alegóricas. Para muitos estudiosos modernos, entender os mitos gregos é o mesmo que lançar luz sobre a compreensão da sociedade grega antiga e seu comportamento, bem como suas práticas ritualísticas. O mito grego explica as origens do mundo e os pormenores das vidas e aventuras de uma ampla variedade de deuses, deusas, heróis, heroínas e outras criaturas mitológicas.
Ao longo dos tempos, esses mitos foram expressos através de uma extensa coleção de narrativas que constituem a literatura grega e também na representação de outras artes, como a pintura da Grécia Antiga e a pintura vermelha em cerâmica grega. Inicialmente divulgados em tradição oral-poética, hoje esses mitos são tratados apenas como parte da literatura grega. Essa literatura abrange as mais conhecidas fontes literárias da Grécia Antiga: os poemas épicos Ilíada e Odisséia (ambos atribuídos a Homero e que focam sobre os acontecimentos em torno da Guerra de Tróia, destacando a influência de deuses e de outros seres), e também a Teogonia e Os Trabalhos e os Dias, ambos produzidos por Hesíodo. Os mitos também estão preservados nos Hinos homéricos, em fragmentos de poemas do Ciclo Épico, na poesia lírica, no âmbito dos trabalhos das tragédias do século V a.C., nos escritos de poetas e eruditos do Período Helenístico e em outros documentos de poetas do Império Romano, como Plutarco e Pausanias. A principal fonte para a pesquisa de detalhes sobre a mitologia grega são as evidências arqueológicas que descobrem e descobriram decorações e outros artefatos, como desenhos geométricos em cerâmica, datados do século VIII a.C., que retratam cenas do ciclo troiano e das aventuras de Hércules. Sucedendo os períodos Arcaico, Clássico e Helenístico, Homero e várias outras personalidades aparecem para completar as provas dessas existências literárias.
A mitologia grega tem atribuído uma significante influência na cultura, nas artes e na literatura da civilização ocidental e ainda continua a fazer parte da herança e da linguagem do Ocidente. Poetas e artistas — como também intelectuais, estudiosos e outros envolvidos com humanas — das épocas mais remotas até as mais presentes têm se adquirido das inspirações que a mitologia da Grécia antiga possuíam como método de descoberta das inúmeras relevâncias e significados que os temas mitológicos clássicos possuem com o seu contemporâneo.
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